terça-feira, 26 de julho de 2011


Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio.  Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas uma menina de oito anos, considerada em pior estado. Era necessário chamar ajuda por um rádio. Ao fim de algum tempo, um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Teriam de agir rapidamente, senão a menina morreria por causa dos traumatismos e da perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas como? Após alguns testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o sangue compatível
Reuniram as crianças e, entre gesticulações, arranhadas no idioma, tentavam explicar o que estava acontecendo: precisavam de um voluntário para doar sangue. Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas ao lado da menina agonizante e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar  fixo no teto. Passados alguns momentos, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico perguntou-lhe se estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e fez-lhe a mesma pergunta, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso, mas ininterrupto.  Era evidente que alguma coisa estava errada. Foi, então, que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia. O médico pediu que ela procurasse saber o que estava acontecendo com Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas, e o rostinho do menino foi  se aliviando. Minutos depois, ele estava novamente tranqüilo. A enfermeira, então, explicou aos americanos:
     - Ele pensou que ia morrer; não tinha entendido direito o que vocês disseram e estava achando que ia ter que dar todo o seu sangue para a menina não morrer.
O médico se aproximou dele e com a ajuda da enfermeira perguntou-lhe:
     - Mas, se era assim, por que então você se ofereceu para doar-lhe seu sangue?
O menino respondeu simplesmente:
     - Ela é minha amiga.

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